segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Apprivoise-moi!

Eu devia ter uns 10 anos quando li pela primeira vez "O Pequeno Príncipe". Li e não entendi porque tantas pessoas achavam significativa aquela historinha boba. E daí que um garotinho vindo de outro planeta tentava fazer amigos no deserto? Qual a graça? Só alguns anos depois eu entenderia.

Foi preciso rever alguns trechos da obra na aula de francês, já aos 18 anos, para compreender o que há de tão impressionante nos escritos de Saint-Exupéry. Antes tarde do que nunca - mesmo que seja pra entrar no coro do clichê mais clichê que pode existir: "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".

É uma raposa quem fala. Ela explica ao príncipe o que significa essa tal coisa de cativar os outros. É criar laços. É tornar pessoas outrora insignificantes, especiais. Encontrar significados no que aparentemente não diz nada. É cultivar uma amizade.

Permitam-me uma livre tradução do original:

"Nós conhecemos apenas as coisas que cativamos, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer nada. Eles compram todas as coisas prontas nos mercados. Mas como não existem mercados de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!"

Sem pressa. Cativar aos outros - e às vezes até a si mesmo - não é uma tarefa simples. Requer tempo, dedicação e, principalmente, carinho. Pois é o tempo que gastamos cultivando nossas rosas que as torna especiais. Mais uma das lições da raposinha esperta que, só no segundo encontro, mudou a minha vida.

E eu tenho muitas rosas lindas no meu jardim.

ps.: "apprivoise-moi", título do post, é o mesmo que "cativa-me", em francês.

Um comentário:

Marcia disse...

este livro é magnífico.
é uma leitura difícil, é uma leitura para adultos.

a grande frase do livro, pra mim, é "o essencial é invisível aos olhos".