sábado, 31 de janeiro de 2009

Idade

Depois de dois meses seguindo religiosamente o caminho de casa até o Instituto Roche, estou finalmente de férias! Nada melhor do que poder dormir até tarde, mesmo que no meu caso o “tarde” não passe das dez horas da manhã. Quando muito, nove e meia. Eu já nasci velha. Acho.


O primeiro sinal da velhice veio em uma frase comum, destas que nós não pensamos muito para falar: “Guria, vai colocar um chinelo senão tu vai ficar doente!”. Foi difícil conter o pensamento que veio em seguida, até porque da realidade nós não temos como fugir. Eu cresci. Apesar das piadinhas costumeiras sobre o meu tamanho, o dano já estava concretizado, irreversível. A partir do momento em que eu deixei sair da minha boca o conselho que até então fazia parte do repertório das mães da família, eu soube que não tinha mais volta. Ou pelo menos pensei.

Conformada a seguir o meu destino de velha logo aos dezoito anos, desde então dediquei minhas tardes aos livros e à televisão. Só não procurei grupos da terceira idade por medo de não ser aceita entre os meus supostos pares.

Foi então que ele surgiu. E como todas aquelas coisas importantes que acontecem na nossa vida, eu não percebi no início o quanto ele se tornaria especial para mim. Jovem, simpático, prestativo. Talvez contasse 10 anos a mais do que eu, talvez menos. Ao me ver pela primeira vez, tocou meu coração com uma daquelas frases comuns, destas que nós não pensamos muito para falar: “Ajuda aqui o tio!”. Eu não poderia querer mais nada.


Ainda sou uma criança.

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