quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Fuga

Eu poderia encurtar o caminho e dizer que eu sou uma pessoa normal, como qualquer outra, e ponto final. Não ia ser mentira, mas também não demandaria qualquer esforço, o que foge completamente do meu propósito. Porque hoje eu quero escrever.

Acho que posso começar por isso mesmo: hoje eu quero escrever, ao contrário de todos os outros 364 dias do ano, nos quais eu fujo alucinadamente da tela em branco do Word. Por quê? Eu não sei. Já tentei inventar mil e uma explicações pra isso, mas todas acabam soando pretensamente poéticas demais, e esse não é o meu propósito. Talvez seja só preguiça, ou falta de prática. Nada muito preocupante, facilmente solucionável.

Mas falar sobre isso não é o meu propósito. Aliás, duvido muito que eu realmente consiga cumprir o meu propósito nesse texto. O máximo que eu vou conseguir é um recorde de repetição de palavras e uma fuga completa dos meus parágrafos sentimentais – que ninguém gosta de ler, eu sei, mas todo mundo escreve.

De qualquer maneira, vamos ao que interessa: eu tenho essa ânsia enorme por escrever bem, mas os meus esforços não são suficientes pra isso. Mentira, eu nem me esforço. Acho que há meses eu não tomava essa decisão maluca de escrever alguma coisa e, seja qual for o resultado, publicar. Ninguém vai ler mesmo. Que a senhorita mania de perfeição vá passear, porque hoje eu não estou afim de entrar em crise.

É isso mesmo. Quatro parágrafos, fuga total do propósito e nada relevante escrito. Eu poderia fazer um final lindo dizendo que isso mesmo me define: uma confusão total, um não-saber o que dizer, uma ânsia por falar, falar, falar. Mas eu sei que definir uma pessoa em três características – ainda por cima abstratas desse jeito! – não pode estar certo. E isso fugiria completamente do meu propósito.

Um comentário:

fer disse...

Eu fujo do propósito todos os dias. Fiz disso rotina. Nunca faço o que me proponho, e nem por isso sou menos feliz. Às vezes há gratas surpresas no despropósito.